Sabe aquela prova na qual o comando da
questão determinava a marcação da alternativa INcorreta e você “não viu” o IN, ainda que esta informação
estivesse diante de sua retina? Sabe aquela ocasião na
qual você saiu de
casa e “esqueceu” de pegar as chaves do carro,
tendo se deparado com esta omissão apenas ao tentar abrir o carro? Pois
bem, em ambos os
casos ouve uma “falha” na mobilização do seu córtex
pré-frontal.
Como
assim? O que isto quer dizer? Em
que medida entender isto pode ajudar nos estudos e nas provas?
Vamos
lá…
O córtex pré-frontal consiste em uma parte do nosso
cérebro, localizada no lobo frontal, responsável pela atenção, ou seja, pelo
chamado na neurociência fenômeno atencional (PANTANO, Telma. Neurociência aplicada à aprendizagem. São
Paulo: Pulso, 2009, pág 24). Aatenção,
por sua vez, consiste numa função cognitiva primária, que envolve a seleção de estímulos e informações que
serão processados.
Quando estamos estudando e pretendemos nos apropriar
intelectualmente de uma informação ou conceito, obviamente que com
a intenção de que esteja disponível na hora da prova, tudo começa com a atenção ou
concentração. Ou seja, tudo começa com o foco na informação ou
estímulo. Assim, precisamos romper os filtros atencionais, para que o estímulo ou informação seja
neurocognitivamente capturado e processado.
E um dos principais responsáveis por
isto é o nosso amigo córtex pré-frontal.
Muita
gente afirma que é esquecida, porque sempre esquece a chave do carro em casa. Ou que sempre
esquece algo ao sair de casa. E daí considera que tem um problema de
memória.
Mentira! Esta visão está equivocada. O problema não é de
memória. O problema é de atenção, de mobilização de córtex pré-frontal.
Costumo
afirmar que estas pessoas saem de casa estando, mentalmente e cognitivamente,
já dentro do carro. Estas pessoas não saem de casa saindo de casa.
Portanto, não se trata de um problema de
memória, mas de atenção.
A atenção e concentração são funções cognitivas de enorme
importância, não apenas nos estudos, mas também na realização de provas. Não por acaso
existem vários textos publicados no Blog sobre o tema, com diversas abordagens.
E tudo passa pelo nosso amigo córtex pré-frontal!
O
atualmente tão comentado TDAH
– Transtorno de Hiperatividade e Déficit de Atenção – tem
como centro um problema de frontalização, ou seja, uma limitação no
funcionamento no córtex pré-frontal. E, em tese, o metilfenidato, princípio
ativo da famosa Ritalina, age nesta área.
Isto
significa que a Ritalina tende a contribuir com a atenção. Mas não há
resultados indicativos de que repercuta de forma direta na memória, sendo que
quem tem esta percepção esta passando pelo efeito placebo.
Portanto,
caros amigos e caras amigas, é
preciso mobilizar o nosso córtex pré-frontal para tudo o que estivermos fazendo
e mereça ou exija a nossa atenção! Isto vale para a leitura do enunciado de uma questão, para
o conteúdo que estamos estudando, para o procedimento de sair de casa e,
principalmente, para quando estamos ao volante. Afinal, para
passarmos no concurso público e nos mantermos no cargo é preciso estar vivo!
Muito
bem, diante desta compreensão, poder-se-ia indagar: e qual a importância de saber disto?
Esta noção vai me fazer ter mais atenção?
O
primeiro aspecto importante é que, como tenho sempre sustentado reiteradamente,
a verdade nos liberta! Daí a minha crítica aos especialistas (sem especialização)
em preparação para concursos, os quais apresentam construções e soluções na
base do achismo e sem fundamentação.
O
segundo aspecto fundamental é que,
tomando consciência, temos melhores condições de estar no controle e mudar o
que está ocorrendo. Se
sei a verdadeira causa de ter esquecido as chaves e de não ter visto que antes
de “correta” havia as letras “IN” isto pode me ajudar a evitar a repetição
deste fenômeno, pois posso me policiar mais.
Por
fim, esta tomada de
consciência nos permite agir e construir estratégias. Inclusive
compatíveis com as nossas particularidades.
Por
exemplo, se vou sair de casa e sei que se o meu córtex pré frontal não está
mobilizado para este procedimento, tenderei a esquecer algo importante. Daí
trabalho para focar nisto, procurando mobilizar o meu córtex pré-frontal.
Inclusive criando uma imagem mental do nosso cérebro desenvolvendo esta
atividade já ajuda, sendo que recorro com freqüência a esta estratégia, tendo
bons resultados.
Repare
que no começo do texto destaquei e coloquei em aspas as palavras “não viu”, “esqueceu”e “falha”. Agora está claro o motivo das aspas? No
caso, a retina havia captado a informação, mas o córtex pré-frontal é que não
capturou. Não houve esquecimento, na medida em que não houve formação de
memória, pois o córtex pré-frontal não havia processado a informação
“esquecida”. E, na verdade,
a falha não foi do córtex pré-frontal, mas sua, que não o mobilizou para o que
deveria ter sido mobilizado.
Portanto, tome consciência dos conceitos e
informações aqui trabalhados. E saiba que você tem um grande aliado para lhe
ajudar na vida, no dia a dia, nos estudos e nas provas, que não
pode ter sua ajuda dispensada: o seu
amigo córtex pré-frontal!
O Direito Revisto –
Mai/13
Publicado originalmente em: Blog Iob Concursos
Imagem: Google
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