Por. Prof. Rogério Neiva
É melhor estudar uma matéria de cada vez, ou todas as matérias ao mesmo
tempo? Esta
pergunta é recorrente para quem está começando a estudar para concursos
públicos e exames, e mesmo para quem já está estudando, que por vezes se
questiona sobre estar ou não no caminho correto.
O
tema já foi tratado aqui no Blog em outras ocasiões e de forma indireta. Mas
diante dos vários questionamentos que tenho recebido, resolvi escrever este
texto específico.
Vamos
a algumas considerações.
Desde
já saliento que considero o mais adequado estudar várias matérias ao mesmo
tempo. E para tanto levo em conta alguns fundamentos.
O
primeiro argumento é muito simples. Considero que estudar de forma modular,
ou seja, estudar uma única matéria de modo a esgotá-la, para em seguida passar
para outra, tende a ser mais chato do que variar as matérias ao longo da
semana.
Inclusive
acredito que isto impacta na concentração, pois o novo, que seria a
matéria distinta, em função da variação, pode ter uma influência em termos
dopaminérgicos, ou seja, liberação de dopamina. E dopamina consiste num
neurotransmissor importante para o mecanismo atencional.
É
bem verdade que é possível que, estudando apenas uma única matéria por vez, e
avançando no domínio desta, possamos nos empolgar e nos evolver mais. Porém, aí
entra a lógica da subjetividade, ou seja, levar em conta que “cada um é
cada um”. Esta compreensão, inclusive, nos faz questionar as abordagens
achistas-universalizantes dos “especialistas” em preparação para concursos
sem especialização.
O
segundo argumento envolve a lógica da neuroplasticidade. Segundo este
conceito, quanto mais o nosso cérebro é demandado, mais tem capacidade de
dar respostas. Assim, considero que estudar matérias diferentes ao mesmo
tempo implica em proporcionar estímulos diferentes às nossas estruturas
cognitivas.
Além
disto, considerando que construir memórias significa criar redes neurais, ao
estudar matérias distintas, tendemos a estar transformando os conceitos
correspondentes em novas redes neurais distintas.
Um
último argumento importante é que ao estudar todas as matérias ao mesmo
tempo podemos avançar de forma equilibrada, inclusive de modo a fechar todas as
matérias do o programa do edital ao mesmo tempo. Se o candidato usa o Sistema Tuctor e segue o que o
software sugere, com toda a certeza matemática ele irá terminar numa mesma
semana todas as matérias do programa.
Inclusive
este modelo também contribui com o desenvolvimento de uma visão sistêmica do
conteúdo do edital, o que é importante nas provas.
Portanto,
considero que o estudo de todas as matérias ao mesmo tempo é melhor que o
estudo sequenciado. Estudar todas as matérias ao mesmo tempo significa
adotar um modelo de grade
simultâneo-concomitante, sendo que estudar de forma sequenciada
consiste no modelo de grade
sucessiva-modular.
É
bem verdade que podemos adotar uma solução híbrida. Ou seja, eleger um
primeiro bloco de matérias que, após concluídas, terão seus lugares na grade
tomados pelas que virão na seqüência. Neste caso é interessante adotar uma
lógica de prejudicialidade e de relação conceitual. Por exemplo, antes de
estudar Direito Administrativo estudar Direito Constitucional.
Considerando
estas informações, avalie o que é mais eficiente para você. E procure tomar o
caminho que traga melhores resultados.
O Direito Revisto –
Jul/13
Publicado originalmente em: Blog Prof. Rogério Neiva
Imagem: Reprodução Google
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