Lia Salgado sugere cuidados antes
e depois de pedir demissão.
Licença sem remuneração pode ser alternativa para servidores, diz colunista.
Licença sem remuneração pode ser alternativa para servidores, diz colunista.
Os
candidatos a concurso público vivem driblando a falta de tempo para estudar e
tentam as mais variadas soluções – até mesmo pedir demissão. Será que esta é
sempre uma boa ideia?
Além
de conhecer os aspectos positivos e negativos da decisão, quem pretende pedir
demissão precisa tomar alguns cuidados para aproveitar bem o tempo e não ficar
frustrado. Veja a seguir o que levar em consideração, além de alternativas para
servidores públicos e para quem ainda tem dúvidas sobre a estratégia.
Aspectos positivos
À primeira vista, ter “todo o tempo do mundo para estudar” é o melhor dos mundos. Claro, de forma objetiva, quanto mais o candidato puder estudar, mais rapidamente deverá conquistar a aprovação. E assim é, de fato.
À primeira vista, ter “todo o tempo do mundo para estudar” é o melhor dos mundos. Claro, de forma objetiva, quanto mais o candidato puder estudar, mais rapidamente deverá conquistar a aprovação. E assim é, de fato.
Será
possível fazer um bom planejamento para estudar com qualidade, sem cair de
cansaço sobre os livros. Por exemplo, pode-se estudar 9 horas por dia, em 3 turnos
de 3 horas, com intervalos de 15 minutos no meio dos turnos e uma longa pausa
entre os períodos: das 9h às 12h, das 14h às 17h e das 19h às 22h. Sobra tempo
para atividade física, para dormir numa hora razoável e não precisar acordar
tão cedo. E ainda dá para tirar o domingo todo de folga.
Esse
é um ritmo muito produtivo e que o candidato pode levar pelo tempo que for
necessário até ser aprovado, sem entrar num desgaste profundo – seja ele físico
ou mental.
Se
a estratégia for adotada no tempo certo e com real comprometimento do
candidato, é um grande impulsionador da preparação. Foi o que aconteceu com
Kaique Knothe, aprovado
em primeiro lugar no mais recente concurso para a Receita Federal, que
ficou 10 meses sem trabalhar e foi muito bem sucedido.
Aspectos negativos
É preciso muita cautela antes de tomar uma decisão dessa magnitude. Caso o candidato ainda não esteja maduro em relação ao projeto concurso público e diante da vida, ele corre o risco de deixar o tempo escoar, exatamente porque passa a ser um artigo abundante.
É preciso muita cautela antes de tomar uma decisão dessa magnitude. Caso o candidato ainda não esteja maduro em relação ao projeto concurso público e diante da vida, ele corre o risco de deixar o tempo escoar, exatamente porque passa a ser um artigo abundante.
Assim,
o despertador toca, mas o candidato não se levanta, porque sabe que poderá
compensar mais tarde. Chega a hora planejada para começar a estudar, mas o
computador está ligado nas redes sociais e vem a justificativa: “Hoje eu estudo
até mais tarde”. Com esses pequenos deslizes, a iniciativa de intensificar a
preparação vai por água abaixo, enquanto cresce a sensação de frustração e
culpa.
Além
disso, e independentemente da postura de comprometimento do candidato, o
dinheiro que estava reservado vai minguar na mesma proporção em que os meses
passam. No caso de quem encontrou um “patrocinador para a causa” (pais,
cônjuges, etc), a ansiedade pode virar cobrança por resultados. Até mesmo o
candidato, se não tiver muito equilíbrio, pode começar a se pressionar com o
passar dos meses ou se sofrer um revés em algum concurso.
Precauções necessárias
Ao pensar na demissão, é essencial definir com clareza como será o sustento do candidato até a aprovação, lembrando que não há como prever o tempo que isso levará.
Ao pensar na demissão, é essencial definir com clareza como será o sustento do candidato até a aprovação, lembrando que não há como prever o tempo que isso levará.
Algumas
pessoas optam por guardar dinheiro para o tempo de estudo, aproveitando até
mesmo o que receberão com a demissão. Esta é uma conta objetiva: é preciso
reduzir as despesas e saber quantos meses (ou anos) o candidato poderá investir
no projeto sem precisar procurar outro emprego.
Outras
têm a sorte de contar com a confiança e o suporte financeiro de familiares.
Nesse caso, mais do que nunca, é importante deixar claro que o projeto não tem
data de conclusão, por mais empenho que se tenha.
Opção para servidor público
Quem já é servidor público, mas está se preparando para outro concurso, pode pedir licença sem vencimentos, de acordo com os critérios da lei que rege o cargo. Os cuidados devem ser os mesmos do candidato que trabalha na iniciativa privada, com uma peculiaridade: esse tipo de licença tem um prazo, após o qual o servidor precisará retornar ao trabalho ou pedir exoneração.
Quem já é servidor público, mas está se preparando para outro concurso, pode pedir licença sem vencimentos, de acordo com os critérios da lei que rege o cargo. Os cuidados devem ser os mesmos do candidato que trabalha na iniciativa privada, com uma peculiaridade: esse tipo de licença tem um prazo, após o qual o servidor precisará retornar ao trabalho ou pedir exoneração.
A
vantagem é que a decisão definitiva pode ser adiada para um momento posterior.
Até lá, é possível manter o emprego “reservado”, para o caso de algo não sair
como previsto.
Férias como teste ou alternativa
Para fazer um teste com menos riscos e ter uma ideia de como seria poder somente estudar, o candidato pode usar o mês de férias na empresa. Com isso, é possível observar se os aspectos favoráveis superam as desvantagens.
Para fazer um teste com menos riscos e ter uma ideia de como seria poder somente estudar, o candidato pode usar o mês de férias na empresa. Com isso, é possível observar se os aspectos favoráveis superam as desvantagens.
Outra
possibilidade, que deve ser utilizada por quem chegou à conclusão de que a
demissão não seria uma boa escolha, é tirar férias quando sair um bom edital,
de preferência no mês anterior à prova. É uma forma sem riscos de aumentar as
chances de aprovação, já que permite intensificar os estudos.
Mesmo
essa alternativa é recomendada somente para o candidato que percebe que tem
reais condições de aprovação. Caso contrário, ele poderá gastar o recurso antes
do tempo sem obter o resultado desejado.
*Lia Salgado, colunista do G1, é fiscal de rendas
do município do Rio de Janeiro, consultora em concursos públicos e autora do
livro “Como vencer a maratona dos concursos públicos”.
O
Direito Revisto – Ago/14
Publicado
originalmente em: G1
Imagem: Google
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