Por Elis Pena
Newton
e Valter Fernandes entendem que, o comportamento agressivo da humanidade
decorre do desenvolvimento de sua inteligência, onde através de uma consciência
primitiva, o ser humano passou a escolher o melhor caminho para saciar a fome.
Esse fato teria despertado o sentido de preservação, através da utilização
armas contra seus predadores, para conseguir mais alimento e finalmente para
agredir outros homens.
Sob
um enfoque mais moderno, Jacques Lacan
diz que “a agressividade é uma experiência correlata, de um modo de
identificação que, nós chamamos de narcísica e que, determina a estrutura formal do Eu, do
homem, e o registro de entidades características do seu mundo”.
D.
W. Winnicott diz que “amor e ódio constituem os dois principais elementos a
partir dos quais se constroem as relações humanas. Amor e ódio envolvem
agressividade [...], e a agressão pode ser um
sintoma do medo”.
Ainda,
segundo o autor, a agressividade pode ser dissimulada, pode ficar escondida,
disfarçada e quando vêm à tona é difícil se identificar suas verdadeiras
origens. Na verdade, ela traz consigo dois significados distintos. O primeiro
seria uma frustração direta ou indireta e o outro é a energia que conduz o
indivíduo.
Entende
ainda, que a agressão é algo não resolvido que frustra o indivíduo, mas ao
mesmo tempo, é também uma energia vital, que todo o ser humano precisa para
viver.
Dando
continuidade aos estudos desse autor, a agressão pode se manifestar plenamente
em alguns atos e com a mesma velocidade que surge, pode desaparecer. Outras
vezes, a agressividade humana pode estar escondida, camuflada e, por isso, não
aparece abertamente. Uma criança que não faz mal a ninguém, por exemplo, pode
ter no decorrer de sua vida surtos de sentimentos agressivos, como uma explosão
de raiva ou uma ação perversa.
Maria
Rita Kehl defende que, o ser humano desde criança, se desenvolve através de
duas correntes básicas que são: os impulsos que defendem a vida e os impulsos que defendem a morte. As
funções primitivas que se relacionam com a preservação da vida, são as que
defendem a sobrevivência do indivíduo, como por exemplo, o alimento, o sono,
água, ar, etc. As pulsões eróticas que
se desenvolvem através do contato materno (relacionar-se com outro ser),
exigem, para que se obtenha êxito na sua preservação, interagir com outros indivíduos, e lançar,
desta forma, uma espécie de irradiação violenta que erotiza as pulsões e as carrega
decodificadas em seu subconsciente pelo resto da vida.
Ainda,
conforme defende a autora, a tendência agressiva encontra-se nas pulsões
eróticas (pulsões da vida), uma vez que, o vetor erótico impulsiona os
indivíduos ao combate para que vivam sob constante tensão.
Descreve
D. W. Winnicott que, os estágios iniciais do desenvolvimento estão em
permanente conflito, não existindo ainda, uma interação concreta entre o que é
realidade e o mundo lúdico de uma criança. A personalidade não se formou por completo, e o que o pequeno
ser, tem de real, são as sensações arraigadas em seus instintos primários
.
Anthony
Storr faz uma comparação entre os atos extremamente agressivos e os atos
grandiosos feitos pelo homem. Na sua concepção, tanto os atos bons, quanto os
maus, partem dos mesmos princípios que constituem a consciência humana. Entende
ele que, sem a parte agressiva e por consequência, ativa, o homem não teria
tanto êxito em suas investidas, talvez não tivesse nem mesmo sobrevivido como
espécie, uma vez que, por toda sua trajetória sempre fez uso da força bruta
para se defender fisicamente.
Ayush
Morad Amar, comentado por Newton e Valter Fernandes, diz que no Sistema Nervoso
Central, logo após o nascimento, a criança passa a ser influenciada pelo ambiente que a cerca, sendo assim, a
interação entre o cérebro e o meio ambiente nos seres humanos acontece a partir
do primeiro respirar.
Ainda,
considera o autor que, o sistema límbico (que é parte do cérebro responsável
pelas respostas afetivas e emocionais) é muito importante no desencadeamento de
reações agressivas e violentas, porque existe uma interação entre os agentes
fisiológicos (produção de hormônios) e o meio em que o indivíduo está situado.
Seria uma espécie de resposta, que o ser humano apresenta após compilar todas
estas informações.
Defendem
Newton e Valter Fernandes que, na realidade o desafio da agressividade e
violência, associado ao ser humano não pode ser enfrentado de forma simples e
com um único viés, porque em uma mesma situação, um homem mata, o outro socorre e um terceiro,
pode fingir que nada vê. Então, entendem os autores que, se tudo fosse
comandando pelo simples instinto, toda a humanidade reagiria da mesma maneira
na mesma situação.
Consideram
ainda que, o homem é um somatório do inato e do adquirido através de sua
experiência de vida. Seria uma espécie de comportamento que vai se moldando com
o que aprende e assimila de novo no meio em que vive.
Para
Erich Fromm, as agressões humanas
classificam-se em benignas e malignas. A agressão biologicamente adaptativa
(benigna) é considerada pelo autor como reação às ameaças que o indivíduo sofre
para preservar sua vida. Na verdade, ela surgiria para extirpar a ameaça que se
faz presente. A agressão biologicamente não adaptativa (maligna) surge, mas não
para combater uma ameaça, é uma característica exclusiva do homem que sente no
ato de matar e na crueldade, prazer.
Na
visão positivista de Enrico Ferri, o
amor pode gerar agressão, como por exemplo, quando se bate na pessoa amada e em
resposta se obtém uma admiração, um amor maior do que se podia mensurar antes
das agressões. Em contra partida, entende o autor que, nestes casos já estão
instaladas as doenças miseráveis do amor que sucumbem, mais cedo ou mais tarde,
toda e qualquer relação.
Revendo Direito - Fev/13
Acervo pessoal da autora
Imagem: Google
Imagem: Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário