quarta-feira, 5 de junho de 2013

Minha trajetória nos concursos



Por Lívia Correia de Oliveira Cavalcanti Cunha

Em que momento decidiu se enveredar pelos concursos públicos?
Desde o início da faculdade de direito, na Universidade Federal de Pernambuco, não imaginava enveredar pela advocacia privada nem que iria para a área de pesquisa científica, por exemplo. Assim, eu tinha uma noção de que seguiria para os concursos públicos.

Quando iniciou seu preparo? Qual metodologia usou?
Acredito que o meu preparo, em verdade, se iniciou junto com a faculdade, pois estudei bastante ao longo dos cinco anos de universidade. Além disso, por dois anos, fui estagiária do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, onde desempenhei minhas atividades no gabinete de um juiz de uma vara cível da capital. No estágio, me familiarizei com os processos judiciais, aprendi a redigir sob a forma jurídica, e adquiri experiência sobre o funcionamento de uma vara, a tramitação de um processo, a atuação dos advogados e o trabalho realizado por um magistrado.  Tudo isso foi determinante para a futura aprovação no concurso de Advogada da União. Em geral, não fazia cursinhos para concursos, mas costumava estudar sozinha, lendo legislação, doutrina e jurisprudência e fazendo inúmeras provas de concursos anteriores. 

Quanto tempo demorou para ser aprovada no primeiro concurso?
Comecei a faculdade de direito no ano de 2003, e o primeiro concurso em que fui aprovada foi o de Defensora Pública do Estado de Pernambuco, no ano de 2006. Acabei sendo nomeada somente em 2010, quando já estava na Advocacia-Geral da União e optei por permanecer nesta.

A Advocacia da União sempre foi seu foco principal?
Eu nunca tive um único concurso previamente determinado, que fosse somente aquele em que eu gostaria de ser aprovada. Antes de vir para a Advocacia-Geral da União, era analista judiciária do Tribunal de Justiça de Pernambuco, e queria exercer uma carreira melhor. Quando abriu o concurso para o cargo de Advogado da União, achei que seria uma boa oportunidade, pelas atribuições do cargo, pela boa remuneração e pelo considerável número de vagas. Inscrevi-me e acabou dando certo.

A senhora sofreu alguma cobrança de familiares e amigos pelo resultado pretendido?
Tive apoio integral e irrestrito da minha família e dos amigos, seja para escolher que concursos prestar, seja durante todas as etapas do certame. Minha mãe costuma brincar que a única coisa que ela não fazia eram as provas, pois fazia todo o resto: estar por perto nas horas de estudo e nos momentos de nervosismo que antecedem as provas e os resultados, me levar para os exames, até mesmo dar uma olhada nos fóruns de discussão. Mas claro que também fiz alguns concursos, sem toda a dedicação que deveria depositar, e quando o resultado não foi tão bom, meus familiares me diziam que o resultado havia sido aquém do que eu poderia ter alçançado, porque eu não havia me esforçado como deveria. Porém, tenho certeza que a maior cobrança que sofri foi a “minha sobre eu mesma”. Eu sempre exigi muito de mim. 

Depois de aprovada, como foi sua rotina de Advogada da União recém empossada?
Tomei posse no cargo de Advogada da União em abril de 2010, tendo sido lotada na Procuradoria-Regional da União da 1ª Região, órgão que representa a União em processos judiciais de primeira e segunda instâncias, junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, e que abrange o Distrito Federal e mais 13 Estados, incluída toda a Região Norte.
Ao tomar posse, passei por um período de ambientação, de cerca de uma semana, e depois disso iniciei o desempenho das minhas atividades junto à Procuradoria-Regional da União da 1ª Região.

Quais são as atividades que uma Advogada da União exerce? Como é a rotina profissional?
Uma Advogada da União tem a oportunidade de exercer atividades consultivas, por meio do assessoramento e da orientação dos dirigentes do Poder Executivo Federal e também contenciosas, por meio da representação judicial e extrajudicial da União (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciários, e dos órgãos públicos que exercem função essencial à justiça).
A representação judicial é exercida em defesa dos interesses dos referidos entes nas ações judiciais em que a União figura como autora, ré ou, ainda, terceira interessada. A representação extrajudicial é exercida perante entidades não vinculadas à Justiça, como órgãos administrativos da própria União, Estados ou Municípios.
Especificamente em relação à minha rotina profissional, como estou em exercício em um órgão do contencioso, a Procuradoria-Regional da União da 1ª Região, atuo como representante da União, em processos que tramitam nas Varas Federais e no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por meio, principalmente, da elaboração de peças judiciais, despachos com os magistrados e participação em audiências.

Qual foi o momento mais engraçado ou curioso da sua carreira até agora?
Em outubro de 2010, em uma sexta-feira de tarde, quando a Procuradoria-Regional da União da 1ª Região estava instalada em um prédio da quadra 2 do Setor de Autarquias Sul de Brasília, houve um tremor de terra, que foi sentido no edifício. Vivenciamos certo pânico sobre o que estaria acontecendo, e foi determinado que todos deixassem o prédio. Alguns advogados desceram com processos debaixo do braço, comentando que tinham prazos e tal. Acho que foi esse o momento mais curioso, mais inesperado.

E o mais triste?
Acredito que o momento mais triste ocorrerá agora, no fim do mês de maio, pois com a chegada dos novos Advogados da União, aprovados neste último concurso, muitos amigos queridos que trabalham comigo na Procuradoria-Regional da União da 1ª Região irão para outros órgãos da AGU e para Consultorias Jurídicas dos Ministérios. Sentirei falta de ter por perto, todos os dias, pessoas pelas quais passei a ter muito carinho.

Quando um acadêmico ou bacharel toma a decisão de ingressar numa carreira pública, qual o primeiro passo a ser dado?
Acho que o primeiro passo deve ser pesquisar um pouco sobre cada um dos cargos públicos pelos quais possua interesse, e verificar as atribuições a serem exercidas, as matérias que serão mais exigidas rotineiramente, para que seja tomada a decisão de que concursos serão prestados.
Em seguida, é hora de estudar muito, estar atento à jurisprudência dos Tribunais Superiores, observar o que costuma ser cobrado, por meio das provas anteriores, fazer muitos exercícios.

O que deve esperar o concursando na hora de optar pela carreira na Advogada Geral da União?
O cargo de Advogado da União permite o desempenho de diversos tipos de atividades, uma vez que abrange atribuições consultivas e contenciosas. Essas oportunidades ficam ainda mais patentes em Brasília, onde estão localizados os Ministérios e os Tribunais Superiores. Quanto à carreira em si, esta é jovem, tem apenas 20 anos e firma, cada vez mais, sua natureza de função essencial à Justiça, na defesa do Patrimônio Público, na materialização das políticas públicas, na viabilização jurídica das licitações e dos contratos, e na defesa dos interesses da União.

O Direito Revisto – Jun/13
Publicado originalmente em:  Carta Forense

Nenhum comentário:

Postar um comentário