Existem
duas ideias fundamentais
que precisam ser compreendidas por quem está se preparando para concursos
públicos e exames, ou mesmo por qualquer pessoa que pretenda
estudar com o objetivo
de se apropriar intelectualmente do objeto de conhecimento estudado.
A primeira é que a
concentração e a atenção são fundamentais para o alcance desta finalidade.
A segunda é que a
motivação com o que se estuda é determinante para a atenção.
Portanto,
sem atenção não há
apropriação da informação estudada. E sem motivação a atenção pode ficar
comprometida. Daí é fundamental trabalhar estratégias para aumentar a motivação, de modo
a melhorar a atenção e a concentração.
Conforme
sustenta Eric Kandel, ganhador de Premio Nobel e uma das maiores autoridades no
mundo sobre o tema da memória, “…a atenção voluntária é evidentemente um
processo consciente nas pessoas…prestarei atenção conscientemente quando
precisar aprender o caminho da minha casa em Riverdale até a casa de meu
filho Paul, em Westchester. Mas colocarei meu pé no breque automaticamente se,
de repente, um carro me fechar quanto estiver dirigindo na estrada…a conversão
da memória de curto prazo para memória de longo prazo requer a ativação dos
genes, e em cada uma delas os transmissores modulatórios parecem carregar um
sinal atencional marcando a importância de um estímulo….” (Em busca
da memória. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, pá. 342).
Não
é difícil constatar que esta
relação entre motivação e atenção, bem como da atenção com a memória, tem um
aspecto inclusive de natureza evolucionista. Ou seja, nossos
ancestrais para sobreviverem aos predadores precisaram desenvolver este
mecanismo.
Portanto,
a primeira ideia importante é compreender
e tomar consciência deste processo. Como tenho dito
reiteradamente, a verdade nos liberta! Daí porque a minha preocupação e crítica
com os especialistas (sem especialização) em preparação para concursos, que
desenvolvem soluções com base em achismos, isto quando não estão propondo
fórmulas mágicas, sem base científica e não testadas de maneira rigorosa.
E
além de nos libertar, a
compreensão da verdade e a tomada de consciência nos ajuda a desenvolver
estratégias.
Com
isso, a partir de agora,
você passa a ter duas obrigações: (1) se perceber, no sentido de avaliar o
nível de atenção que está tendo em relação a cada matéria, e se questionar como
anda a sua motivação com esta mesma matéria; (2) constatada a dificuldade de motivação,
você deve começar a pensar em estratégias para reverter este cenário.
Quanto
às estratégias, a título de sugestão,
uma primeira possibilidade seria tentar minar as eventuais resistências,
o que é perfeitamente compreensível e natural.
No
âmbito do Direito, por diversos motivos – que não vou nem abordar, pois daria
no mínimo uma dissertação de mestrado em psicologia e educação, tenho uma
afinidade maior com o Direito e Processo do Trabalho, bem como com o Direito
Administrativo. Mas não obstante os diversos possíveis motivos, há um
determinado ângulo que permite entender facilmente esta afinidade, envolvendo o
aspecto profissional, pois sou Juiz do Trabalho há alguns anos e antes fui
Procurador de Estado e Advogado da União.
No
entanto, quando me
deparo com um tema de outra área, inclusive do Direito, quanto a qual começo
perceber certa dificuldade ou resistência, minha primeira estratégia é de “ir
para cima” da matéria, de modo a quebrar a resistência. Neste
sentido, um primeiro
passo é tentar identificar de onde vem a resistência, o que
geralmente decorre da dificuldade com algum conceito importante para a
compreensão da matéria.
E
no caso, as vezes é
preciso dar um passo atrás, e voltar ao ponto no qual há este
precariedade. Recentemente passei por isto ao estudar um tema sobre orçamento
público.
Mas
para ajudar ainda mais, sugiro
também a leitura de texto que trata exatamente de estratégias para quebrar a
resistência com determinadas matérias (clique aqui para ler Aceitar paraAprender).
Por
outro lado, ainda na perspectiva de aumentar a motivação com determinada
matéria quanto a qual há dificuldade, outra
estratégia consiste em procurar identificar os benefícios que podemos obter com
este estudo, independente da preparação para o concurso. Neste
sentido, é muito
importante a leitura de texto que aborda o “como trabalhar o prazer em
aprender” (clique aqui para ler O Prazer emAprender).
Portanto,
o mais importante é que se tome consciência da relação que há entre a motivação
e a concentração e a concentração e a aprendizagem. E a partir daí, com esta
tomada de consciência, procure trabalhar estes relevantes fatores para o êxito
nas provas.
Boa motivação, boa concentração e boa aprendizagem!
O Direito Revisto – Jun/13
Publicado
originalmente em: Blog Prof. Rogerio Neiva
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