segunda-feira, 1 de julho de 2013

Segurança Pública e Movimentos Populares



Por Rogério Greco e William Douglas *

Temos assistido, ultimamente, as manifestações populares demonstrando, nas ruas, as suas insatisfações com as políticas públicas adotadas em nosso país. O estopim, que fez explodir a revolta do povo, foi o aumento das passagens dos transportes urbanos. No entanto, como todos sabem, essa somente foi a gota d’água, já que o povo não suportava mais ouvir notícias ligadas à corrupção existente na Administração Pública; o descaso com políticas sérias, voltadas ao benefício da população, principalmente a mais carente; as constantes notícias de impunidade, especialmente das classes média e média alta; e, ainda, a tentativa absurda de aprovação da PEC 37 (reprovada, por unanimidade, pelo Câmara dos Deputados), que era defendida por políticos inescrupulosos que pretendiam continuar impunes de seus genocídios. Sim, genocídio, pois aqueles que desviam valores que seriam destinados à saúde, educação, merenda escolar, remédios etc., causam, silenciosamente, a morte de milhares, para não dizer milhões de pessoas.

Graças ao movimento das ruas, os deputados federais, mesmo aqueles que eram favoráveis à aprovação desse projeto de emenda constitucional que ficou conhecido como “PEC da impunidade”, voltaram atrás, e votaram contrariamente à sua aprovação. As ruas têm poder, e eles sabem disso. Muitas vezes, não fazem jus ao título de representantes do povo, pois que, em muitas situações, representam somente seus próprios interesses ou mesmo os interesses de um pequeno grupo que enriquece às custas do Estado, em prejuízo da população.

Ninguém suporta mais isso. A população está enojada dessas notícias. Já passou a hora de ocorrerem mudanças significativas. Ninguém suporta arcar com uma carga tributária gigantesca, uma das maiores do mundo, sem que, para tanto, ocorra o devido retorno para a população. Conforme notícias veiculadas na Agência Brasil,   “a arrecadação de impostos no Brasil pode ser melhor investida em benefício da população”, diz estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). De 30 países observados, o Brasil está na última posição no ranking sobre aproveitamento dos recursos arrecadados, inclusive entre os sul-americanos – Argentina e Uruguai. O primeiro colocado é a Austrália, depois vêm os Estados Unidos, a Coreia do Sul, o Japão e a Irlanda[1].

Para engrossar ainda mais esse caldo, a imprensa divulgou informações  onde os entrevistados defendiam a construção de estádios em detrimento de hospitais, escolas, creches etc., para que a Copa do Mundo pudesse ser realizada a contento no Brasil. O povo brasileiro se sentiu humilhado. O chamado padrão FIFA devia ser aplicado a todos os setores públicos. Estamos assistindo o comando de uma entidade privada sobre um nação soberana. A FIFA determina os perímetros dos estádios, o que se deve vender, o que se pode fazer, quem pode sair ou entrar (já que os próprios moradores, cujas residências encontram-se dentro dos perímetros determinados pela FIFA, precisam ter permissão para entrar e sair de suas residências, ou, caso contrário, devem portar os ingressos para os jogos dos estádios próximos a elas), enfim, nossa soberania foi afastada, mesmo que temporariamente, para atender aos desejos absurdos de uma entidade cujos dirigentes já foram acusados de inúmeras infrações, inclusive criminais.

A revolta do povo, portanto, é mais do que justa, pois tem o direito constitucional de se expressar, manifestando sua indignação contra a política reinante no país. Tal direito de manifestação é plenamente assegurado no artigo 5º, incisos,  que diz, verbis:


O Direito Revisto – Jul/13
Publicado originalmente em: Site Prof. Rogério Greco

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