domingo, 16 de março de 2014

Arte de procrastinar


Você deixa tudo para a última hora? Saiba aqui como evitar que essa atitude prejudique a sua qualidade de vida. Aproveite e avalie como anda seu grau de procrastinação por meio de um teste

Por Samantha Cerquetani – Revista Viva saúde


Quantas vezes você adiou o que tinha para fazer? Saiba que isso não é apenas um problema seu. Os brasileiros levam a fama de deixar sempre para a última hora tarefas importantes. Aquele que deixou para fazer amanhã o que poderia ter feito hoje talvez não saiba que essa atitude tão comum tem um nome: procrastinação. E o significado é bem simples, a palavra vem do latim procrastinare, que significa "encaminhar para amanhã".

Em uma pesquisa realizada em 2011 pelo gestor do tempo Christian Barbosa, autor do livro Equilíbrio e resultado - Por que as pessoas não fazem o que deveriam fazer? (Editora Sextante), 97,4% dos brasileiros admitem deixar atividades importantes para a última hora. "A procrastinação é o ato de adiar tarefas e acontece na vida de todo mundo. Nós procrastinamos ao acordar, quando apertamos o modo soneca do despertador, quando ficamos com preguiça de lavar a louça do jantar ou quando deixamos de responder àqueles e-mails chatos. Somos propensos a deixar quase tudo para depois, mas eu diria que os assuntos pessoais são os que acabam sendo os aspectos que mais adiamos em nossas vidas" afirma o especialista Barbosa.

O estudo também apontou quais são os principais fatores que levam à procrastinação: falta de tempo, impulsividade (deixamos algo de lado para fazer outra atividade), falta de energia, medos, autossabotagem e preguiça. 

Além disso, o ato de adiar pode estar relacionado à busca pela perfeição, já que pessoas com essa característica tendem a preferir tarefas desafiadoras e evitam as mais simples.

Assim como muitos que estão lendo esta matéria, Cleuza Silva relata que deixa tudo para última hora. Esse comportamento já foi prejudicial. "Fiquei mais de um ano dirigindo sem carteira, só conduzindo perto de casa, e enrolo ao máximo para marcar uma consulta médica. Por ser assim, fico frustrada, ansiosa, até com raiva e decepcionada comigo", declara. Ela confessa que já tentou mudar, mas se sente desanimada para prosseguir com seus objetivos. "Já perdi oportunidades, fiquei com dívidas, pois atrasava contas. Hoje tento ser mais organizada para combater esse mal, mas é bem difícil", diz.

O limite da normalidade
Não há nada de errado em procrastinar de vez em quando, o problema é sempre adiar atividades que não poderiam ser deixadas para depois. Além disso, surge a culpa, a ansiedade, a baixa autoestima e a insegurança. "Alguns estudos indicam que procrastinadores são pessoas propensas à depressão. Adiar de vez em quando não mata ninguém, mas fazê-lo a toda hora pode atrasar uma vida com resultados e equilíbrio", afirma.

A procrastinação não depende diretamente da dimensão ou do teor da tarefa, da importância da decisão ou da ação a ser realizada. Quem procrastina posterga desde tarefas banais até compromissos importantes. Para André Gellis, diretor do Centro de Psicologia Aplicada da Universidade Estadual Paulista (Unesp), há um forte medo do fracasso e de errar por trás da procrastinação. "Os procrastinadores sentem prazer em deixar tudo para o último momento. Apesar da ansiedade, do mal-estar e da culpa associada, obtém-se um ganho sinistro, uma satisfação inexplicável por essa atitude", finaliza Gellis.



O Direito Revisto – Mar/14
Publicado originalmente em: Viva Saúde

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