Por Prof. Rogerio Neiva
Você
já refletiu sobre o quanto a formação de imagens mentais pode lhe ajudar nos
estudos para concursos públicos e exames, facilitando a formação de memórias?
Sabe como pode construir estratégias com base neste recurso? O objetivo
deste texto é lhe provocar a esta reflexão e dar algumas idéias que podem ser
de grande utilidade a partir desta estratégia.
Primeiramente,
precisamos entender que a formação de imagens mentais consiste num fenômeno
bastante complexo e intenso. Segundo sustenta o grande neurocientista
Antonio Damásio, “…se você olhar pela janela para uma paisagem de outono, se
ouvir a música de fundo que está tocando, se deslizar seus dedos por uma
superfície de metal lisa ou ainda se ler estas palavras, linha após linha, até
o fim da página, estará formando imagens de modalidades sensoriais
diversas…Qualquer desses pensamentos é também constituído por imagens,
independente de serem compostas principalmente por forma, cores, movimentos,
sons ou palavras faladas ou omitidas. A natureza das imagens de algo que
ainda não aconteceu, e pode de fato nunca vir a acontecer, não é diferente da
natureza das imagens acerca de algo que já aconteceu e que retemos….Não
sabemos, e é improvável que alguma vez venhamos a saber, o que é realidade
absoluta…”. (“O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano”.
São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 123/124).
Na
verdade, portanto, mesmo sem perceber de forma consciente, a todo momento
construímos imagens mentais.
O
neuropsicólogo russo Alexander Luria desenvolveu estudos e pesquisas em um
paciente que era um grande mnemonista, com enorme capacidade de memorização, a
quem chamava de “S.” para preservar o anonimato. E um grande detalhe é que S.
tinha como estratégia básica a formação de memórias a partir da construção
de imagens mentais.
Mais
recentemente um importante estudo relacionado ao tema, conduzido pelo
neurocientista Benjamin Bergen, da Universidade da Califórnia em San Diego,
constatou que neste processo de formação de imagens mentais mobilizamos áreas
do cérebro responsáveis inclusive pela psicomotricidade. Isto mostra o quanto
são poderosas as imagens mentais.
Ok,
mas como isto pode ajudar nos estudos?
Por
um lado, de forma consciente e estrategicamente pensada e elaborada, podemos
trabalhar na construção de imagens mentais para memorizar conceitos. Por
exemplo, eu sempre confundia os incisos LIV (que trata do devido processo
legal) e LV (o qual trata da ampla defesa e contraditório) do art. 5º da CF. Em
uma ocasião, ao passar em frente à fachada de uma loja Louis Vuitton, criei uma
imagem mental na qual de um lado havia a capa da Constituição Federal (para
associar ao art. 5º da CF) e do outro o símbolo da OAB (para associar à
defesa).
Ou
seja, de forma consciente e deliberada, criei uma estratégia para não trocar
mais o inciso LIV com o LV.
Imagine
fazer este mesmo exercício com o art. 22 da Constituição Federal, o qual trata
da competência legislativa privativa da União, e não é nada fácil de se
apropriar intelectualmente.
No
fundo, por trás disto também há a lógica associativa da memória. Estou
em vias de lançar um livro sobre o processo de formação e estratégias para
construção de memórias de longo prazo, aplicadas à preparação para
concursos e exames, com uma abordagem neurocientífica e baseado no meu trabalho
de final de curso na especialização em neurociência da aprendizagem. Neste
trabalho, a partir da revisão bibliográfica realizada, construí o conceito
de fatores estratégicos para formação de memórias de longo prazo, sendo que
a lógica associativa da memória consiste num destes fatores
estratégicos.
Portanto,
reflita sobre esta ideia e tente construir estratégias baseadas na formação de
imagens mentais. Trata-se de um importante recurso que pode ajudar a obter alguns
pontos em algumas provas.
O Direito Revisto – Mai/13
Publicado
originalmente em: Prof. Rogerio Neiva
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