quinta-feira, 30 de maio de 2013

Estratégia de Estudo com Imagens Mentais


Por Prof. Rogerio Neiva
 
Você já refletiu sobre o quanto a formação de imagens mentais pode lhe ajudar nos estudos para concursos públicos e exames, facilitando a formação de memórias? Sabe como pode construir estratégias com base neste recurso? O objetivo deste texto é lhe provocar a esta reflexão e dar algumas idéias que podem ser de grande utilidade a partir desta estratégia.

Primeiramente, precisamos entender que a formação de imagens mentais consiste num fenômeno bastante complexo e intenso. Segundo sustenta o grande neurocientista Antonio Damásio, “…se você olhar pela janela para uma paisagem de outono, se ouvir a música de fundo que está tocando, se deslizar seus dedos por uma superfície de metal lisa ou ainda se ler estas palavras, linha após linha, até o fim da página, estará formando imagens de modalidades sensoriais diversas…Qualquer desses pensamentos é também constituído por imagens, independente de serem compostas principalmente por forma, cores, movimentos, sons ou palavras faladas ou omitidas. A natureza das imagens de algo que ainda não aconteceu, e pode de fato nunca vir a acontecer, não é diferente da natureza das imagens acerca de algo que já aconteceu e que retemos….Não sabemos, e é improvável que alguma vez venhamos a saber, o que é realidade absoluta…”. (“O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano”. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 123/124).

Na verdade, portanto, mesmo sem perceber de forma consciente, a todo momento construímos imagens mentais.

O neuropsicólogo russo Alexander Luria desenvolveu estudos e pesquisas em um paciente que era um grande mnemonista, com enorme capacidade de memorização, a quem chamava de “S.” para preservar o anonimato. E um grande detalhe é que S. tinha como estratégia básica a formação de memórias a partir da construção de imagens mentais.

Mais recentemente um importante estudo  relacionado ao tema, conduzido pelo neurocientista Benjamin Bergen, da Universidade da Califórnia em San Diego, constatou que neste processo de formação de imagens mentais mobilizamos áreas do cérebro responsáveis inclusive pela psicomotricidade. Isto mostra o quanto são poderosas as imagens mentais.

Ok, mas como isto pode ajudar nos estudos?
Por um lado, de forma consciente e estrategicamente pensada e elaborada, podemos trabalhar na construção de imagens mentais para memorizar conceitos. Por exemplo, eu sempre confundia os incisos LIV (que trata do devido processo legal) e LV (o qual trata da ampla defesa e contraditório) do art. 5º da CF. Em uma ocasião, ao passar em frente à fachada de uma loja Louis Vuitton, criei uma imagem mental na qual de um lado havia a capa da Constituição Federal (para associar ao art. 5º da CF) e do outro o símbolo da OAB (para associar à defesa).

Ou seja, de forma consciente e deliberada, criei uma estratégia para não trocar mais o inciso LIV com o LV.

Imagine fazer este mesmo exercício com o art. 22 da Constituição Federal, o qual trata da competência legislativa privativa da União, e não é nada fácil de se apropriar intelectualmente.

No fundo, por trás disto também há a lógica associativa da memória. Estou em vias de lançar um livro sobre o processo de formação e estratégias para construção de memórias de longo prazo, aplicadas à preparação para concursos e exames, com uma abordagem neurocientífica e baseado no meu trabalho de final de curso na especialização em neurociência da aprendizagem. Neste trabalho, a partir da revisão bibliográfica realizada, construí o conceito de fatores estratégicos para formação de memórias de longo prazo, sendo que a lógica associativa da memória consiste num destes fatores estratégicos.

Portanto, reflita sobre esta ideia e tente construir estratégias baseadas na formação de imagens mentais. Trata-se de um importante recurso que pode ajudar a obter alguns pontos em algumas provas.

O Direito Revisto – Mai/13
Publicado originalmente em: Prof. Rogerio Neiva

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