Edson
Junior, 46 anos, reside no bairro Padre Ulrico. Na quinta-feira, 20, um dia
antes de conceder entrevista ao JdeB ele tinha encerrado a graduação
Por JdeB
A
vida realmente é uma caixinha de surpresas. É que, pelo caminho, quase sempre
encontramos pessoas que são capazes de mudar nosso destino mesmo que jamais
saibam. Hoje, chegou a hora de contar a um gerente de um supermercado de
Francisco Beltrão que, graças a ele, Edson Junior, 46 anos, concluiu na noite
de quinta-feira, 20, o curso de Direito na Universidade Paranaense (Unipar).
"Toda vez que eu entrava no mercado, sujo e mal vestido, o gerente mandava
um funcionário me seguir pensando que eu ia roubar. Isso me fez optar pelo
Direito, foi graças a esse gerente, foi por causa dele, de querer fazer justiça
pelos outros. No fundo, foi um incentivador", recorda Edson.
Ele
é natural de Planalto e mora em Beltrão desde 1987, no bairro Padre Ulrico. Há
11 anos trabalha como catador de papel e de sucata, por isso não pode se dar ao
luxo de estar sempre com roupas limpas e bem trajado. Apesar de toda a
dificuldade financeira, sempre batalhou para dar sustento digno aos três filhos
e à esposa. "Eu comecei com um carrinho na rua e foi melhorando a
situação. Não reconheço apenas papel, meu foco também é o ferro, enfim, tudo
que não presta pros outros é meu meio de sobrevivência."
Hoje,
Edson trabalha pelas ruas da cidade com a ajuda de Zaqueu. Mas deixou o
carrinho de lado. Agora o lixo reciclável é carregado na caçamba da
caminhonete.
De
catador a estudante de Direito
Nem o preconceito de quem olha torto quando ele passa com as roupas sujas, nem a falta de dinheiro foram empecilhos para Edson deixar de estudar. Das lembranças que guarda do pai, já falecido, uma marcou a vida do futuro advogado. "Quando ele era vivo, sempre falava: "filhos, a única coisa que só tira o estudo é a morte".
Nem o preconceito de quem olha torto quando ele passa com as roupas sujas, nem a falta de dinheiro foram empecilhos para Edson deixar de estudar. Das lembranças que guarda do pai, já falecido, uma marcou a vida do futuro advogado. "Quando ele era vivo, sempre falava: "filhos, a única coisa que só tira o estudo é a morte".
Coloquei na cabeça, sem falar que é um
meio de ter uma vida melhor. O cara nascer pobre é destino, mas morrer pobre é
porque ele quer. Sempre temos que procurar uma coisa melhor."
Edson
prestou vestibular em 2010. Decidiu fazer o curso de Direito porque acredita
que essa área de atuação oferece vários caminhos e não apenas os escritórios de
advocacia. "Não precisa ser advogado, pode prestar concurso público para
outra profissão." Feliz da vida com o término da graduação, Edson diz
sentir saudade da turma e dos professores, que sempre o incentivaram.
"Nunca tive nenhuma rejeição em sala, meus colegas me adotaram como se
fosse pai. Era muito carinho, foi muito gostoso estudar com todos."
O
Direito Revisto – Nov/14
Publicado
originalmente em: Jornal de Beltrão
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