Para juízes, Sergio Moro é
preparado; defensores falam em lado 'justiceiro'.
Reservado, juiz é elogiado pelos dois lados por não atuar politicamente.
Reservado, juiz é elogiado pelos dois lados por não atuar politicamente.
Por G1
Se
para uns, ele é um juiz discreto e reservado, para outros é frio e seco. Se
para uns é técnico e competente, para outros, é duro e autoritário. Assim se
dividem as opiniões de magistrados e advogados ouvidos pelo G1 acerca do juiz
Sergio Fernando Moro, 42 anos, titular da 13ª Vara Criminal Federal de
Curitiba/PR, atualmente à frente daquele que já é considerado um dos maiores
casos de corrupção no país: a Operação
Lava Jato, que apura suposto cartel entre empreiteiras para fraudar
licitações e obter contratos na Petrobras, mediante pagamento de propina a
agentes públicos.
Iniciada
em 2013, a operação se concentrou inicialmente em movimentações suspeitas de Alberto Youssef, um
doleiro que já havia enfrentado Sergio Moro em 2004, na Operação Farol da
Colina, que desmontou uma rede composta por mais de 60 doleiros que, segundo a
acusação, remetiam dinheiro sujo para os Estados Unidos. A investigação foi um
desdobramento do caso Banestado, em que apurou-se a evasão de US$ 30 bilhões de
políticos para o exterior entre 1996 e 2002.
Juízes,
policiais e procuradores consideram que essa ação anterior foi a preparação de
Moro para o atual caso da Petrobras. Se para colegas de profissão, significou
uma experiência ousada e inédita no combate à corrupção pela grandeza do
esquema – o juiz chegou a decretar a prisão de 123 pessoas de uma vez –
para defensores de acusados, revelou um "justiceiro", que prende
suspeitos ainda não condenados atropelando regras processuais.
Os
dois lados, porém, reconhecem hoje em Sergio Moro um juiz extremamente
capacitado, que alia o conhecimento acadêmico profundo com a habilidade técnica
e estratégica para conduzir um processo judicial, tentando escapar de erros que
podem derrubar uma investigação.
"É
absolutamente técnico, com posicionamentos sempre ponderados", descreve o
desembargador federal Fausto De Sanctis, que figura ao lado de Moro como um dos
maiores especialistas no país no combate à lavagem de dinheiro. Ambos
participaram ativamente da criação de varas especializadas na Justiça Federal
contra crimes financeiros entre 2003 e 2004.
O Direito Revisto – Nov/14
Publicado originalmente em: G1
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