domingo, 2 de novembro de 2014

Cientistas identificam genes associados a crimes violentos


Análise genética de presos na Finlândia revela duas variantes que aumentam risco de repetidos comportamentos antissociais severos
 
Por Cesar Baima

RIO – Cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, identificaram dois genes associados a repetidos e violentos comportamentos antissociais. De acordo com o estudo, publicado no periódico científico “Molecular Psychiatry”, análise genética de quase 900 presos na Finlândia e sua comparação com genomas de indivíduos representativos da população geral do país, usados como grupo de controle, revelou que os condenados por crimes violentos, como homicídios, tentativas de homicídio e lesões corporais graves, apresentam variações nestes genes não encontradas nos aprisionados por crimes mais leves, como os relacionados a drogas e roubos.

No levantamento, um grupo de apenas 78 dos condenados foi responsável por um total de 1.154 crimes violentos e todos tinham as variações nos dois genes. A primeira delas afeta o funcionamento do gene conhecido como MAOA, que codifica a produção de uma enzima que controla os níveis de dopamina, o chamado “hormônio do prazer”, e de serotonina, o “hormônio da felicidade”, no cérebro. Estudos anteriores já haviam relacionado esta mutação a uma maior agressividade, o que lhe valeu o apelido de “gene do guerreiro”. Já a segunda variante afeta o gene batizado CDH13, que estudos anteriores também já tinham associado ao abuso de drogas e maior impulsividade.

Os pesquisadores alertam, porém, que a descoberta não deve guiar políticas de triagem e prevenção de prováveis criminosos ou de estabelecimento das sentenças de eventuais condenados. Segundo eles, mesmo pessoas com uma “combinação de alto risco” dos dois genes em sua maioria podem nunca cometer crimes e os comportamentos violentos também podem estar associados a outros fatores genéticos e ambientais.

- Cometer um crime violento e severo é algo extremamente raro na população em geral, então mesmo que o risco relativo seja maior (em quem tem as duas variantes), o risco absoluto ainda é muito pequeno – disse Jari Tiihonen, principal autor do estudo, à BBC. 

O Direito Revisto – Nov/14
Publicado originalmente em: O Globo
Imagem: Google

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