Análise genética de presos na Finlândia revela duas variantes que aumentam risco de repetidos comportamentos antissociais severos
Por Cesar
Baima
RIO – Cientistas do Instituto Karolinska, na
Suécia, identificaram dois genes associados a repetidos e violentos
comportamentos antissociais. De acordo com o estudo, publicado no periódico
científico “Molecular Psychiatry”, análise genética de quase 900 presos na
Finlândia e sua comparação com genomas de indivíduos representativos da
população geral do país, usados como grupo de controle, revelou que os
condenados por crimes violentos, como homicídios, tentativas de homicídio e
lesões corporais graves, apresentam variações nestes genes não encontradas nos
aprisionados por crimes mais leves, como os relacionados a drogas e roubos.
No levantamento, um grupo de apenas 78 dos
condenados foi responsável por um total de 1.154 crimes violentos e todos
tinham as variações nos dois genes. A primeira delas afeta o funcionamento do
gene conhecido como MAOA, que codifica a produção de uma enzima que controla os
níveis de dopamina, o chamado “hormônio do prazer”, e de serotonina, o
“hormônio da felicidade”, no cérebro. Estudos anteriores já haviam relacionado
esta mutação a uma maior agressividade, o que lhe valeu o apelido de “gene do
guerreiro”. Já a segunda variante afeta o gene batizado CDH13, que estudos
anteriores também já tinham associado ao abuso de drogas e maior impulsividade.
Os pesquisadores alertam, porém, que a descoberta
não deve guiar políticas de triagem e prevenção de prováveis criminosos ou de
estabelecimento das sentenças de eventuais condenados. Segundo eles, mesmo
pessoas com uma “combinação de alto risco” dos dois genes em sua maioria podem
nunca cometer crimes e os comportamentos violentos também podem estar
associados a outros fatores genéticos e ambientais.
- Cometer um crime violento e severo é algo
extremamente raro na população em geral, então mesmo que o risco relativo seja
maior (em quem tem as duas variantes), o risco absoluto ainda é muito pequeno –
disse Jari Tiihonen, principal autor do estudo, à BBC.
O Direito Revisto – Nov/14
Publicado originalmente em: O Globo
Imagem: Google
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