Por Direito à Inocência
Uma reportagem da Revista Época, de maio de 2010,
diz que um dos obstáculos para o tratamento de crianças com sinais de
transtorno de conduta é o próprio tabu da maldade infantil. O senso comum
afirma que as crianças são inocentes, uma crença que resulta da evolução
histórica da família. Até o século XVII as crianças eram consideradas pequenos
adultos e muitas nem sequer eram criadas pelos pais. No século XVIII, isso
mudou. A família burguesa fechou-se em si mesma, dentro de casa. O lar virou um
santuário e a criança o centro dos cuidados e das atenções. Foi o nascimento do
sentimento de infância dentro de um grupo que agora tinha como laços o afeto e
o prazer da convivência. Se a criança é o eixo do sentimento moderno de
família, ela não pode ser má. Eis o tabu.
Um exemplo citado na revista mostra o quanto é
difícil para os pais assumirem a necessidade de tratamento dos filhos. “R.”,
uma gauchinha de 11 anos colocou fogo na mochila de uma colega de turma.
Repreendida por professores e pais, teve como reação apenas rir. No ano
anterior, fizera o mesmo com o rabo do cachorro de uma prima. Questionada,
disse apenas que a prima não merecia ter um cachorro. Durante o tratamento, R.
afirmou ao psiquiatra que não nutria nenhum sentimento especial em relação aos
pais.
O
Direito Revisto – Abr/15
Publicado
originalmente em: Direito à Inocência
Imagem: Reprodução Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário